terça-feira, 8 de março de 2011

A máscara

Hoje é dia de Carnaval. Segundo as tradições dos antigos, um dia em que nos podemos vestir como que noutra pele... em que podemos libertar o diabinho (será assim tão pequeno?) que há em nós...
Mas será só no Carnaval???...

Quantas máscaras diferentes, ou até mesmo antagónicas, não pomos nós todos os dias?... Quanto do que verdadeiramente somos deixamos transparecer no que fazemos, em como estamos, no que aparentamos? Ou estará antes, mais ou menos, resguardado ao abrigo de uma máscara qualquer? 

Máscaras brancas e negras, cintilantes, coloridas... variadas e diversas – algumas tão bem conseguidas que se assemelham com o ser que as criou... tal como qualquer forma de arte tem o cunho do seu artista.

E os anos passam, as rugas aumentam, os cabelos embranquecem... Mas com a idade, maior é a mestria, a habilidade de pôr e tirar... escolher e trocar de máscara... Oh não, não há tremor senil ou artroses que isso limitem...

...A vida - a eterna fase no provador de máscaras.... por diversão, por obrigação, na inocência da ignorância de si mesmo... na habilidade da prática...

Pois no carrocel da vida, em cada dia que passa, é milhentas vezes Carnaval.  

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

A Criatura que Vê

Nascera forte... Seria? Forte não tinha a certeza, mas envolta numa espessa estabilidade, sim, de certeza – protegida por ela, que lhe ia filtrando a realidade envolvente. Bendito que era esse manto protector, que foi sendo corroído de modo voraz pela impiedosa crueldade humana.
E eis que, subitamente desabrigada, a Criatura que nunca necessitara de se aprender a defender, se viu exposta, a assistir num indefeso desespero ao ruir do estável mundo em que até então vivera... Ferida até ao fundo do seu ser, sem certezas a que se agarrar em queda vertiginosa no abismo da incerteza...; foi aí que começou a ver... e a entender....
E teve de escolher... esse momento inevitável chegou. E escolheu a Realidade – vê-la como é – Entendê-la pelo que é, nem que por um ponto de vista que não seu; escolheu olhar para a Verdade. VIU o que até então não vira... SENTIU... ENTENDEU... O que ainda restava de antigas certezas vacilou ainda mais...
Mas este entendimento, essa compreensão iam-lhe sugando toda a energia... a sua própria pele foi posta em xeque...
Nunca ninguém lhe tinha dito que a verdade pode queimar...
Nunca a tinham avisado de que quando Olhasse veria a luz de mão bem dada com a escuridão.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

...

As she walks in the room,
Scented and tall,
Hesitating once more.
And as I take on myself,
And the bitterness I felt,
Realise that love lost, while
White horses,
They will take me away,
And the tenderness I feel,
Will send the dark underneath,
Will I follow?

Through the glory of life,
I'm scattered on the floor,
Disappointed and sore.
And in my thoughts I have bled,
For the riddles I've been fed,
Another lie moves over, while
White horses,
They will take me away,
And the tenderness I feel,
Will send the dark underneath,
Will I follow?

While, white horses,
They will take me away,
And the tenderness I feel,
Will send the dark underneath,
Will I follow?

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

 Equilíbrio...
      
           ...nada mais que o Eterno Desiquilíbrio um pouco            menos desiquilibrado.

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

As time goes by...


Olho; não vejo... já vi....
Respiro; não vivo...já vivi...
Presente - a ilusão da simplicidade;
Passado - o sentimento da realidade?...

… Saudade,
             que fica
do presente que não vivemos,
do passado que não esquecemos,
do futuro... que um dia o foi...

Porque, no fundo...
de verdade,
o que perdura
é a saudade
e a noção de que o presente
apenas se passa,
não se sente.  

domingo, 9 de janeiro de 2011

... and so it starts...

Aparente o equilíbrio lá fora - a rigidez retorcida lá dentro... Retorcida e mirrada, sugada pela crueza dessa mesma vida em aparente equilíbrio, simultaneamente impiedosa e implacável... E que vozinha era essa, gesticulando lá no fundo, tentando soerguer-se e chegar a alguma brisa de ar respirável?  - lá se vai safando, em desespero. Ah! ar que a manténs viva, sem lhe dar vida... Ah! silêncio em que acolhes o seu mudo bradar, em luta pela sua causa... Mas que causa?, destinada que estava a sofrer sobre si própria, na sua pequena visão confinada.
E lá no fundo, a vozinha bradante em silêncio bem sabia - quem era ela? - pequenina e enfezadita, sonhando com o cantar dos pássaros, lutando por uma réstia de ar para sobreviver... Sim, Conseguia!! 
Mas, no fundo, para quê?
O som do silêncio era mesmo a sua música...